"A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida." - Sêneca, filósofo grego

“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.” – Paulo Freire, educador brasileiro

"[A educação] Não é a preparação para a vida, é a própria vida." – John Dewey, pedagogo estadunidense

 

Novo ministro

terça-feira, 31 de março de 2015

Renato Janine Ribeiro é anunciado como novo ministro da Educação


"Sem educação não se avança"
Professor e filósofo, Renato (foto) vai ocupar o cargo de ministro da Educação a partir de 6 de abril. Em entrevista concedida à Agencia Brasil ele disse que recebeu o convite de Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil e aceitou imediatamente. A pasta está interinamente sob o comando de Luiz Cláudio Costa, que é também secretário executivo do MEC.

Recomeço através da educação

domingo, 22 de março de 2015

Um novo futuro a jovens que tentam reescrever a própria história
Fundação Casa III de Sorocaba oferece ensino, arte e cultura, esportes e educação profissionalizante a adolescentes infratores em regime de internação


Reportagem e fotos: Lucas Montenegro
Infográfico: Jarbe Gilliard

Jovens têm aulas das 7 da manhã ao meio-dia e vinte; classe do Ensino Médio aprendendo Matemática
Arthur de Sousa, 17 anos, tem o desejo de cursar uma faculdade de Artes. Descobriu que gosta de desenhar. Já Pedro Henrique, 15, vislumbra um futuro para si nos Estados Unidos. “Minha tia me mandou uma carta, dizendo que eu podia ir para lá”, conta o adolescente. Antes, porém, uma condição: deve se formar técnico em mecatrônica. “Saindo daqui eu vou correr atrás desse curso, pegar o visto...”. 

Entre os dois jovens e Jonas Alves, também de 17, uma preferência em comum: a matemática. “Consigo fazer bem as contas. A professora é boa, explica bem as aulas”, diz Jonas. Pedro divide ainda a simpatia pelos números e equações com o Português – quer aprimorar seu vocabulário. Por isso também lê livros, e os jornais são “para ficar por dentro do que está acontecendo”.

Os adolescentes - apresentados com nomes fictícios para preservar suas identidades - são internos da Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) III, localizada no bairro Aparecidinha, em Sorocaba. Ali cumprem medidas socioeducativas em regime de internação junto a outros jovens de municípios vizinhos.  

Eles conversam sem demonstrar revolta ou autocomiseração, e em suas vozes ora tímidas, ora confiantes, nenhuma afetação de sentirem-se injustiçados. Cometeram erros, sabem disso. Demonstram vontade de mudar. Jonas, por exemplo, tem uma irmã pequena, de cinco anos. E a menina tem essa mania comum às crianças: se ela vê o Jonas, o pai ou a mãe fazendo alguma coisa, ela faz também! “Quero dar outro tipo de exemplo”, explica o rapaz, ao se referir à influência que sua conduta poderia exercer na irmãzinha.

Para “darem outro tipo exemplo” - ou para realizarem o desejo de “ser alguém na vida”, como definiu Pedro -, os adolescentes adquirem na Fundação Casa, dia após dia, ferramentas que são e serão fundamentais quando retornarem à sociedade: educação, cultura, noções de um ofício.

Em busca do tempo perdido

A escola da Fundação Casa segue a mesma grade curricular da instituição de ensino a que está vinculada, explica a coordenadora pedagógica da unidade de Sorocaba, Luciana Monteiro. Nela também são oferecidos os ciclos Fundamental, Fundamental 2 e Ensino Médio.  As aulas começam às 7 horas da manhã e cada aula tem 50 minutos, com 20 minutos de intervalo.

O jovem internado prossegue seus estudos “lá” dentro a partir do último ano em que estava matriculado “aqui” fora. A taxa de defasagem escolar costuma ser alta. “A gente tem adolescente que chega aqui com 15, 16 anos, que realmente não sabe ler. Não consegue escrever uma carta para a mãe, por exemplo”, constata Moisés Martins, diretor da unidade.

Os efeitos, então, de serem até mesmo alfabetizados em alguns casos – e de se sentirem capazes de se comunicarem sem a ajuda de outros - costumam ser estimulantes a eles, indica o diretor. “Psicologicamente, isso eleva bem a autoestima do adolescente. Isso traz uma transformação muito grande no ser.”

O diretor Moisés Martins e a coordenadora Luciana Monteiro; centro socioeducativo, assim como os outros, segue o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a política do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE)
Para tentar sanar esse problema de defasagem escolar existe o Projeto Revitalizando a Trajetória Escolar (PRTE), que prevê avaliações do rendimento cognitivo e da evolução das competências dos jovens. “Se o interno consegue ir bem nessa avaliação, ele conclui o Ensino Fundamental e vai para o Médio”, esclarece Luciana Monteiro, que diz que este ano já há um número maior de internos cursando o Ensino Médio em relação aos anos anteriores.
                       
Em minha arte ou ofício

Com exceção das grades pintadas de azul, da vigilância constante e dos portões hermeticamente fechados, a Fundação Casa de Sorocaba em tudo se assemelha a uma escola normal: o pátio, aberto ao céu, ali uma mesa de ping-pong; a quadra, pouco mais ao fundo, onde os jovens praticam esportes; a sala de informática; a biblioteca. Atrás de suas paredes e de suas estantes de livros, uma horta cultivada pelos adolescentes com o mesmo esmero que cuidam das flores e dos canteiros de grama aparada.


No período da tarde, os jovens têm a opção de participar de algumas das 11 oficinas profissionalizantes – entre elas horticultura, jardinagem (aplicadas na paisagem da Fundação), confeiteiro, panificação artesanal, web – e de atividades de arte e cultura, como teatro e percussão. Isso é possível por meio de convênios mantidos pela Fundação com o Centro Paula Souza, com o Projeto Guri e com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC).

Medidas preveem advertência, reparo ao dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e, em último caso, internação; aos sábados é permitido aos jovens receberem visitas de familiares

"Não queria saber de nada de mim"

Para além das dificuldades presumíveis, os benefícios dessa fase de aprendizado, de autoconsciência e treinamento são relevantes para os jovens, tanto social quanto intelectualmente, eles contam. “Antes eu tinha muita vergonha. Tinha muita vergonha de chegar, falar com as pessoas, pedir alguma coisa. Hoje, não. Escola mesmo eu não ia lá fora. Não queria saber de nada de mim”, lembra Arthur. Ele já participou, além da classe de Ensino Médio que frequenta, dos cursos profissionalizantes de pizzaiolo, salgadeiro e jardineiro. 

No final do ano, Arthur pode, caso queira, fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – quem sabe pleitear uma vaga em uma universidade? “Quando acontece [do interno ser aprovado em uma universidade], e o menino já concluiu as metas do PIA [Plano Individual de Atendimento], a gente pede ao juiz a progressão ou extinção da medida para que ele possa dar continuidade à sua vida”, afirma o diretor da unidade. 

Pedro Henrique - o que recebeu convite da tia para ir ao estrangeiro - fez teatro, percussão e as oficinas de informática e doceiro, “coisas que dá para utilizar lá fora”. “Uma coisa que eu sei que pode estar influenciando meus familiares. No futuro, mais para frente, se eu tiver filho...”. Jonas também se afeiçoou ao teatro, porque “ele mexe bastante com o corpo, mexe com a mente da gente”.

"De vez em quando a gente encontra alguns deles pela rua e “oh, senhor, tô trabalhando, já casei, tô namorando...". Isso é corriqueiro numa cidade que não é tão grande, igual Sorocaba. A gente encontra muitos meninos trabalhando no mercado, às vezes numa loja, num açougue. Isso leva a gente a acreditar ainda mais no nosso trabalho", define o diretor Moisés Martins.  

Por volta das 20 horas, após jantarem, os adolescentes internos da Fundação Casa III de Sorocaba se recolhem em seus dormitórios, que abriga 6 ou 7 adolescentes cada, com chuveiros. Às 22 horas as luzes da unidade são apagadas para que eles descansem para um novo dia que virá.    

“Eu fui percebendo que eles têm um potencial incrível se tiver alguém ao lado deles” 
A professora Ivonete deve se aposentar daqui há dois anos. Promete ir até o fim da carreira dando aulas na Casa 
Em 2000, eu dava aula num bairro que é considerado um dos piores de Sorocaba: Nova Esperança. E eu me dei muito bem no meio daquelas crianças. Eu dava aula para a quinta série. Eu buscava a necessidade deles. Então eu não era só professora de Português para eles, eu dava aula de higiene, comportamento. O que eu ensinava aos meus filhos em casa eu queria ensinar aos meus alunos em sala de aula.

Aí surgiu [a Fundação Casa], nessa época era concurso para entrar, e minha coordenadora falou assim: “Ivonete, você tem perfil para entrar lá dentro. Vá fazer o concurso.” E eu, meio contrariada, meu marido, advogado, meio contrariado. Mas eu fiz. Passei e comecei a trabalhar aqui. O primeiro ano foi um choque. Porque eu não sabia que existia esse submundo. Eu não sabia que as famílias estavam desse jeito. Porque eu sou mãe de dois filhos e meus filhos seguiram o tempo cronológico: crianças, adolescentes, adultos. Quando eu cheguei aqui, me deparei com meninos de 14 anos que eram homens. E já na vida do crime.

Eu dava aula aqui, e ao mesmo tempo dava aula lá fora. Quando eu saía daqui de manhã, e eu ia para o [colégio] Reverendo Ovídio, as professoras de lá falavam assim para mim: “Ivonete, você está destruída.” Mas aí eu falei não, eu não posso me deixar levar por isso, eu tenho que continuar o meu trabalho lá dentro. Eu sei que não posso endireitar o mundo, mas o que eu tenho a oferecer acho que vai servir para alguém.

Daí fui mudando meu jeito de ser, aceitando mais as coisas. O tempo foi passando e eu fui percebendo que eles têm um potencial incrível se tiver alguém ao lado deles. Hoje eu entro na minha sala e vejo um menino que conta uma história de vida terrível, de arrepiar. Ele é culpado!? Então vamos tentar buscar dentro dele o que ele tem de melhor. Foi isso que me fez continuar.

Eu cheguei a dar, além das minhas aulas, curso profissionalizante aqui dentro. Eu dei curso de garçom. Você precisava ver aqueles meninos aproveitarem aquele momento, aprenderem e depois ensinarem às próprias mães que vinham aqui.

A maioria deles demonstra interesse [em continuar os estudos], mas, você já sabe, sai lá fora, tem os “amigos”... Qual é a primeira palavra do “amigo”? “Tenho uma aqui, vamos fumar comigo?” E a maioria não tem alicerce...

Porque eles gostam de ser cobrados. Aqui dentro eles aprenderam assim, então é um respeito que eles têm. Muitos daqui eu tenho o prazer de encontrar lá fora, trabalhando. Acho a coisa mais linda. Eles vêm: “Ei, senhora Ivonete, olha, eu tô aqui, tô trabalhando”. Eles fazem questão de mostrar.

Só de você ver um menino que não tinha entusiasmo nenhum, que sabia escrever, mas nem se lembrava mais, hoje você pega o caderno desse menino, tem uma letra linda, tem uma postura... Isso para mim é mais do que uma gratificação, é uma conquista.

Eles se importam se meu cachorro está bem! Eu fiquei numa felicidade imensa quando fui avó, e eles até hoje tem a preocupação de perguntar: “Senhora Ivonete, seu netinho está bem?” Eles falam para mim: “Quando eu sair, eu posso ir até sua casa?” Minha resposta: “Se você estiver seguindo esse caminho que nós mostramos para você, você será bem recebido.” E eu fico muito contente, eu não deixo de cumprimentá-los onde encontro.

O que eles não tiveram lá fora foi isso. E eu friso para eles, sempre: “Dessa porta pra cá, nós somos escola de Brigadeiro Tobias. Eu sou professora e vocês são alunos. Então, o que vocês perderam de tempo lá fora, recuperem aqui dentro. Isso é cumprir uma medida socioeducativa, é você resgatar tudo aquilo o que você perdeu de bom.” 

Então isso aqui, para eles, é o primeiro degrau de uma escada imensa.

- Ivonete Teixeira Gomes é professora da Fundação Casa de Sorocaba há 15 anos. Dá aulas de Português e Artes aos adolescentes. O texto acima são trechos extraídos de uma entrevista.



Tecnologia na escola

quinta-feira, 12 de março de 2015

A tecnologia, cada vez mais comum nas
 Escolas Públicas, auxilia na aprendizagem
Os professores precisam dominar as diversas ferramentas tecnológicas existentes para dar aula

Carlos Borges


Professora Elaine na sala de informática. Ensino com computador é algo comum.
A tecnologia aplicada em sala de aula ajuda na evolução intelectual e social dos alunos, pois ela permite a busca por assuntos diversos, de forma simples e eficaz, afirma a coordenadora pedagógica Andréia Veiga. “Da soma dela com o conteúdo, nascem oportunidades de ensino e consequentemente avanço na aprendizagem”, ressalta.
        Andréia trabalha em uma escola municipal em Tatuí, cidade localizada a cerca de 50 quilômetros de Sorocaba. O uso de ferramentas tecnológicas no ensino fundamental é algo comum dentro das salas de aulas do município.
Professores e alunos já estão habituados com a tecnologia da informação no auxilio a educação, implantado nas escolas municipais há mais de seis anos. Um exemplo disso são as lousas digitais. Elas são umas espécies de monitores de computador com o tamanho aproximado de 60 polegadas, e que permitem a interação, através do toque.
Os conteúdos das aulas são preparados pelos professores em notebooks pessoais ou em computadores da própria escola e depois reproduzidas aos alunos, através das lousas digitais.
Os docentes também dispõem de tablets fornecidos pela Prefeitura para auxiliar no planejamento das aulas.
“É mais um ponto positivo para a educação, onde as aulas ficam mais atrativas e motivadoras para os alunos”, afirma a professora Elaine Cristina de Almeida, que além de dar aulas no ensino fundamental, também é professora de informática educacional na escola municipal Eugenio Santos. Para ela, a tecnologia ajuda os alunos a aprenderem de maneira lúdica, diferente da tradicional, através de imagens, sons, brincadeiras, jogos etc. “É mais divertido e com certeza, o alunos têm melhor aprendizado”, afirma.

MAIS: TECNOLOGIA E ALFABETIZAÇÃO

    Segundo Elaine toda essa tecnologia tornou até o planejamento das aulas mais fácil e ágil. “Fica tudo guardado em uma pasta no computador. As aulas ficam bem enriquecidas e possibilita a troca de experiências entre os educadores”, completa.
     Com toda essa modernidade a educadora tem uma certa preocupação com o efeito contrário de tudo isso, como erros de ortografia as abreviações, e ressalta a importância do educador nesse momento. “O mediador tem uma importante tarefa, pois o acesso ficou tão fácil, que muitos alunos não se preocupam em pesquisar o conteúdo, então cabe ao professor incentivá-los a conhecer o assunto abordado, promovendo debates e prezando pela forma certa de escrever”, conclui Elaine.
    Os alunos também aprovam o ensino de forma informatizada. Eles acham que isso os ajuda até mesmo nas avaliações: “As aulas de informática são muito boas. Muitas vezes aprendemos brincando, nas últimas aulas fizemos atividades do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, aplicado a alunos de 3º e 5º Anos do ensino fundamental) e isso nos ajuda a estudar”, assegura Gustavo Camargo, nove anos, aluno do 3º terceiro ano do ensino fundamental.
   Para a coordenadora Andréia, professora há mais de 20 anos, houve um grande avanço no ensino fundamental com o emprego de ferramentas tecnológicas, mas alerta para as facilidades que elas oferecem. “Assim como os pais em casa, os professores também precisam ficar atentos. Elas aumentam a motivação e o interesse dos alunos, porém, o uso requer uma atenção maior, pois há tendência do aluno se dispersar por conta da diversidade de assuntos, mas com certeza há mais prós que contras”, conclui.